domingo, 20 de fevereiro de 2011

O garoto livre




Anos já se passaram e me lembro até hoje daquela figura excêntrica que rodeava a minha vida e que a ajuda preencher o vazio causado por sua ausência. Ele era franzino, não parecia ser bom de luta - e de fato não era - e, por ser rico, filho de empresários, parecia ser marrento, mas era um cara muito gente boa.

Eu tinha 16 anos quando ele completou 18. Pediu para seu pai lhe dar uma moto e um dinheiro, tão logo completara o terceiro ano do ensino médio. Perguntei o que queria fazer, éramos amigos há bastante tempo, e o meu amigo me respondeu que iria ganhar a vida, iria montar na sua moto e iria sumir pelas estradas do país. "Isso é loucura", critiquei, "Como ficará os estudos, a empresa do seu pai, a vida que têm aqui? Não pode largar tudo assim do nada e jogar pro alto". O meu amigo, como sempre, sorriu e me disse: "Não quero ser como meu pai ou como várias dessas pessoas que conhecemos, que ficam o dia inteiro sentado trabalhando ou estudando, apenas pensando no futuro. Eu quero viver o hoje. E se amanhã acontecer alguma coisa e eu morrer? Terei pensado tanto no futuro que não vou ter, que deixei de aproveitar a vida".
Meu amigo era insano. Desde os 10 anos, tinha essa visão de fazer hoje tudo o que era possível, antes de encostar a cabeça no travesseiro no final do dia. Já pulou de bungee-jump, asa-delta, ficava com todas as gurias que encontrava pelo caminho. Dizia que aquele era o seu dia e que iria viver apenas aquele dia, não o amanhã. E seu pai era totalmente contrário à essa visão de vida e queria colocar na cabeça do seu filho um pouco de juízo.
Tão logo o ano seguinte começou, meu amigo caiu na estrada. Falou que iria viver a vida livre, livre de responsabilidades, livre de problemas, livre de ter que ficar sentado o dia inteiro pensando apenas no futuro. Disse-me que seu lema era a música "Born to be Wild" e a colocou na sua moto possante antes de partir.
Meu amigo partiu, não só da minha vida, mas também do mundo terreno. Morreu três anos seguintes, em um acidente na estrada, mas viveu como quis, viveu cada segundo que lhe deram nessa vida. E foi esse recado que sua passagem por minha vida me deixou como base: não importo com a quantidade de dias que eu vou viver, mas apenas com a qualidade dos meus dias...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Aprender a aprender

Estava dando uma olhada na internet e encontrei este vídeo. Achei bem interessante e resolvi postar no blog. Espero que gostem...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Poema do conto Ligéia





Contempla agora essa noite de gala,
Após recentes anos solitários!
Em que dos anjos multidão sem fala
Aos prantos e em trajos multifários,

Assiste queda ao drama que se instala,
Em tons de medo e de gentis esperas,
Enquanto a orquestra executa a escala
Da música perene das esferas

E que do Deus Altíssimo reflete,
A voz suprema apenas em murmúrios,
Voando para cá e lá repete
Dos fantoches os míseros perjúrios,
Ao comando dos seres mais disformes
Que controlam o cenário mais terrível,
Para trazer, com asas desconformes,
Uma tristeza fatal, mas invisível!

Desse drama confuso que, por certo,
Não poderá jamais ser olvidado!
Seu fantasma, caçado bem de perto
Pela turba, não vai ser alcançado;
Um círculo retorna à mesma dança,
A Loucura constante permanece,
O Pecado perene não se cansa
E o Horror resultante não se esquece!

Porém vê, no meio desta ronda,
Uma forma se arrasta e se insinua,
Uma coisa sangrenta, que se esconde
Na solidão deserta, bela e nua!
Ela se enrosca e treme, em dor mortal,
Os títeres se tornam alimento
E os serafins soluçam no fatal
Espetáculo de sangue e sofrimento.

E as luzes se apagam, uma a uma,
E sobre cada forma palpitante
Desce a cortina, como se costuma,

Com a pressa da tormenta cintilante;
E os anjos todos, empalidecidos,
Erguendo-se, afirmam em horror
Que na tragédia, os Homens são vencidos
E o Verme é o Herói Conquistador!

Poema extraído do conto Ligéia, de Edgar Allan Poe

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

As Vertigens

O que você está pensando agora?
O que você acha do que está acontecendo?
Suas ideias se modificam a cada hora?
Ou o seu propósito de vida é sempre o mesmo?


A vertigem incontrolável está à solta
Ela é que dita quais são as nossas escolhas
Que dependem do dia, hora e minuto.
Para escrever alguma história em alguma parte do seu mundo


E os seus conceitos e a sua forma de agir?
E os seus defeitos é o que te trás medo?
E o que te faz sorrir é o que te faz feliz?
É algumas vezes ou é sempre assim?


As ideias. Vertigens incontroláveis?
Sem saber o que é falso e o que é verdade
Que modificam a saída e a chegada
De um destino sem rota controlada